domingo, 28 de outubro de 2012

Indumentária do Egito | a roupa como distinção social e os rituais de beleza da Rainha Cleópatra.


O Egito foi uma das maiores civilizações que já existiram em todos os tempos. Possuíram um grande conhecimento em diversas áreas, ricos em termos de tecnologia, arte e arquitetura. Sendo eles que, notadamente, deram início à medicina, matemática e astrologia. Também tiveram um grande conhecimento na questão estética e não falo apenas das mulheres, mas também dos homens.  Os símbolos de vaidade, beleza e ostentação, sempre foram características marcantes desse povo. Até as pessoas de classes sociais mais baixas gostavam de usar vários ornamentos para se embelezar.
Porém, no Egito, a indumentária – não usarei a palavra moda, pois naquela época não existia esse conceito, tendo sido introduzido somente a partir do século XIX – tinha a função de distinguir as pessoas conforme a hierarquia social.  Por ser uma sociedade estruturada por castas, a cultura permaneceu inalterada durante anos de sua existência, consequentemente, a vestimenta também manteve-se relativamente sem mudanças entre 3000 a.C. e 1550 a.C. Os egípcios vestiam-se com o mínimo de roupas, em função do clima. Como dito, a ostentação estava mais envolvidas com os cosméticos e acessórios, dando grande valor à aparência física.
 

As castas mais baixas e os escravos, principalmente as mulheres domésticas, andavam quase ou completamente nus [algo que era visto com naturalidade, de certa forma, como os indígenas. De certa forma]. Já as castas superiores usavam vestimentas variadas feitas de linho e algodão – consideravam as fibras animais impuras e, assim proibidas –.  Os cortes eram simples e a cor, natural. Adoravam a transparência que permitia a visão dos belos corpos que possuíam.
A roupa mais comum e usada por eles era o chanti, basicamente um pedaço de tecido amarrado na cintura como uma tanga. Existiam em vários tamanhos e, quanto mais nobre fosse a casta, mais requintado era [com bordados em ouro e pedras preciosas, pregas e gomas]. O haik era uma túnica longa, usada na maioria das vezes pelas mulheres. Já o calasiris era um item basicamente da classe alta, usado tanto por homens quanto por mulheres. Ele se constituía em uma capa retangular que podia virar túnica se costurado do lado, feitas de tecidos leves e transparentes usada por cima do haik ou do chanti. Quando havia drapeados e plissados ressaltava ainda mais os símbolos de riquezas.
Para os adereços, existia o oskh, que era uma gola larga coberta por jóias, cobrindo o peitoral, usado tanto por homens quanto por mulheres; e a kafle, um adereço de cabeça feito em papiro usado pelos nobres e faráos.
(Rei faraó usando o chanti, oskh e adereços como braceletes e a coroa. A rainha está vestida com o haik,  kalasires, oskh e um adereço de cabeça da realeza)
A higiene era outro quesito essencial para os egípcios. Por esse motivo [e por outros, evidentemente], se houvesse uma infestação de piolhos, cabeças de ambos os sexo eram raspadas e cobertas depois com perucas. Um corpo com pelos não era desejável nem para homens, nem para mulheres. Acreditava-se que perucas eram usadas também pela proteção do sol e  status social, produzidas com folhas vegetais, linho, palmeira e até mesmo cabelos naturais. Os que mantinham os cabelos usavam de forma bem características, com os fios enrolados. Já os guerreiros usavam capacetes de metal em forma de elmos.
As jóias utilizadas em abundâncias – colares, braceletes, entre outros– eram considerados indispensáveis, por isso eram colocadas nas sepulturas. Para o povo eram jóias feitas de vidros, para os nobres, pedras preciosas não lapidadas. Os faráos usavam peles de leopardo jogadas por cima dos ombros, para demonstrar poder.  Há referências que dizem que nos pés, somente o faraó e os sacerdotes podiam calçar sandálias – feitas de papiro –. Mulheres e todo o resto da sociedade, seja rico, seja pobre,  andavam descalços. No entanto, essa afirmação não é bem estabelecida, pois existem estudiosos que dizem que todos podiam usar, mas não era algo tão comum na civilização, afirmando ser no Egito em que nasceram as primeiras sandálias.
Os antigos egípcios davam uma enorme importância para o vestuário, jóias e principalmente os cosméticos, e às vezes é difícil acreditar que os óleos, aromatizantes, esfoliação, argila, hena, maquiagem, esmalte entre outros iten [tão comuns e indispensáveis atualmente], já estiveram presentes numa civilização tão distante da nossa. A hena já era utilizada para tingir unhas, escurecer cabelos e pintar o corpo. Nos olhos marcados usavam maquiagem preta e sombra verde
E claro: falar de beleza no Egito é falar na rainha Cleópatra, para quem vaidade era primordial. Como maquiagem, Cleópatra aplicava ao redor dos olhos o “kohl” preto – ou malaquita verde. A aplicação era realizada com uma vara feita a partir de materiais como hematita obsidiana e bronze ou aplicada com rolha da garrafa, alongada em uma ponta para ser mergulhado na tinta. Suas pálpebras e sobrancelhas também foram reforçadas com kohl umedecido em pó, aumentando e delineando ainda mais seu olhar.
Ela também explorava matérias-primas curativas, composições como o kyphi e óleos aromáticos. O costume de ungir o corpo com óleo era uma rotina, ainda mais por causa do tempo seco ao redor do Nilo. Um dos óleos utilizados era o óleo de ambrette (proveniente das sementes de plantas Hibiscus) ou óleos provenientes da Grécia. Outro truque de beleza de Cleópatra era o uso da Aloe Vera na pele e nos cabelos. Era comum naquela época também o uso do “Bálsamo da Meca” (ou Bálsamo de Gileade, como é chamado na Bíblia ¬- que é uma goma resinosa da árvore de “gileadensis Commiphora), que foi usado para tornar a pele macia e sedosa.
Cleópatra gostava de destacar os lábios com um gel feito a partir de ocre vermelho e gordura, ou de uma das plantas utilizadas para tingimento. As bochechas também eram destacadas com um pouco de ocre vermelho e gordura. Para o realce natural dos seios, massageava-os com um soro contendo erva-doce e endro – ervas que contêm fitoestrógenos, hormônios vegetais naturais que imitam o estrogênio, que é encontrado no corpo de uma mulher-.
E não era somente por estética não, tinha seus motivos de saúde também. Há uma pesquisa realizada no final de 2009 por pesquisadores do Museu do Louvre em parceria com o Instituto francês CNRS que dizem que os produtos usados pela rainha do Egito continham uma pequena quantidade de sais de chumbo, que preveniam infecções no olho. A mesma pesquisa afirma que quando alguém tinha problemas de infecção na região, a maquiagem era usada como remédio.
(Amostra de um vaso de alabastro. Os sacerdotes egípcios faziam um grande uso de perfumes para homenagear as divindades que eram colocados nesses vasos. Era também o perfume que a rainha usava)
Não é atoa que o Egito foi uma das maiores e mais importante civilizações antigas; sua história vai além das já grandiosas construções das pirâmides, o rio Nilo e do enorme poder.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá Rôh! eu estou fazendo um trabalho academico e gostaria de saber se vc poderia me ajudar, com informações bibliograficas sobre o egito e sua dança antiga. (meu interesse é na dança da antiguidade, nao sendo tratada a mais atual dança do ventre)

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