O Egito foi uma das maiores civilizações que já existiram em todos os tempos. Possuíram um grande conhecimento em diversas áreas, ricos em termos de tecnologia, arte e arquitetura. Sendo eles que, notadamente, deram início à medicina, matemática e astrologia. Também tiveram um grande conhecimento na questão estética e não falo apenas das mulheres, mas também dos homens. Os símbolos de vaidade, beleza e ostentação, sempre foram características marcantes desse povo. Até as pessoas de classes sociais mais baixas gostavam de usar vários ornamentos para se embelezar.
Porém, no
Egito, a indumentária – não usarei a palavra moda, pois naquela época
não existia esse conceito, tendo sido introduzido somente a partir do
século XIX – tinha a função de distinguir as pessoas conforme a hierarquia social.
Por ser uma sociedade estruturada por castas, a cultura permaneceu
inalterada durante anos de sua existência, consequentemente, a
vestimenta também manteve-se relativamente sem mudanças entre 3000 a.C. e
1550 a.C. Os egípcios vestiam-se com o mínimo de roupas, em função do
clima. Como dito, a ostentação estava mais envolvidas com os cosméticos e
acessórios, dando grande valor à aparência física.
As castas mais baixas e os escravos, principalmente as mulheres domésticas, andavam quase ou completamente nus [algo que era visto com naturalidade, de certa forma,
como os indígenas. De certa forma]. Já as castas superiores usavam
vestimentas variadas feitas de linho e algodão – consideravam as fibras
animais impuras e, assim proibidas –. Os cortes eram simples e a cor,
natural. Adoravam a transparência que permitia a visão dos belos corpos
que possuíam.
A roupa mais comum e usada por eles era o chanti,
basicamente um pedaço de tecido amarrado na cintura como uma tanga.
Existiam em vários tamanhos e, quanto mais nobre fosse a casta, mais
requintado era [com bordados em ouro e pedras preciosas, pregas e
gomas]. O haik era uma túnica longa, usada na maioria das vezes pelas mulheres. Já o calasiris era
um item basicamente da classe alta, usado tanto por homens quanto por
mulheres. Ele se constituía em uma capa retangular que podia virar
túnica se costurado do lado, feitas de tecidos leves e transparentes
usada por cima do haik ou do chanti. Quando havia drapeados e plissados ressaltava ainda mais os símbolos de riquezas.
Para os adereços, existia o oskh, que era uma gola larga coberta por jóias, cobrindo o peitoral, usado tanto por homens quanto por mulheres; e a kafle, um adereço de cabeça feito em papiro usado pelos nobres e faráos.

(Rei faraó
usando o chanti, oskh e adereços como braceletes e a coroa. A rainha
está vestida com o haik, kalasires, oskh e um adereço de cabeça da
realeza)
A higiene
era outro quesito essencial para os egípcios. Por esse motivo [e por
outros, evidentemente], se houvesse uma infestação de piolhos, cabeças
de ambos os sexo eram raspadas e cobertas depois com perucas.
Um corpo com pelos não era desejável nem para homens, nem para
mulheres. Acreditava-se que perucas eram usadas também pela proteção do
sol e status social, produzidas com folhas vegetais,
linho, palmeira e até mesmo cabelos naturais. Os que mantinham os
cabelos usavam de forma bem características, com os fios enrolados. Já
os guerreiros usavam capacetes de metal em forma de elmos.
As jóias
utilizadas em abundâncias – colares, braceletes, entre outros– eram
considerados indispensáveis, por isso eram colocadas nas sepulturas.
Para o povo eram jóias feitas de vidros, para os nobres, pedras preciosas
não lapidadas. Os faráos usavam peles de leopardo jogadas por cima dos
ombros, para demonstrar poder. Há referências que dizem que nos pés,
somente o faraó e os sacerdotes podiam calçar sandálias
– feitas de papiro –. Mulheres e todo o resto da sociedade, seja rico,
seja pobre, andavam descalços. No entanto, essa afirmação não é bem
estabelecida, pois existem estudiosos que dizem que todos podiam usar,
mas não era algo tão comum na civilização, afirmando ser no Egito em que
nasceram as primeiras sandálias.
Os antigos egípcios davam uma enorme importância para o vestuário, jóias e principalmente os cosméticos,
e às vezes é difícil acreditar que os óleos, aromatizantes, esfoliação,
argila, hena, maquiagem, esmalte entre outros iten [tão comuns e
indispensáveis atualmente], já estiveram presentes numa civilização tão
distante da nossa. A hena já era utilizada para tingir unhas, escurecer cabelos e pintar o corpo. Nos olhos marcados usavam maquiagem preta e sombra verde
E claro: falar de beleza no Egito é falar na rainha Cleópatra,
para quem vaidade era primordial. Como maquiagem, Cleópatra aplicava ao
redor dos olhos o “kohl” preto – ou malaquita verde. A aplicação era
realizada com uma vara feita a partir de materiais como hematita
obsidiana e bronze ou aplicada com rolha da garrafa, alongada em uma
ponta para ser mergulhado na tinta. Suas pálpebras e sobrancelhas também
foram reforçadas com kohl umedecido em pó, aumentando e delineando ainda mais seu olhar.
Ela também explorava matérias-primas curativas, composições como o kyphi e óleos aromáticos. O costume de ungir o corpo com óleo
era uma rotina, ainda mais por causa do tempo seco ao redor do Nilo. Um
dos óleos utilizados era o óleo de ambrette (proveniente das sementes
de plantas Hibiscus) ou óleos provenientes da Grécia. Outro truque de
beleza de Cleópatra era o uso da Aloe Vera na pele e nos cabelos. Era
comum naquela época também o uso do “Bálsamo da Meca” (ou Bálsamo de
Gileade, como é chamado na Bíblia ¬- que é uma goma resinosa da árvore
de “gileadensis Commiphora), que foi usado para tornar a pele macia e
sedosa.
Cleópatra gostava de destacar os lábios com um gel feito a partir de ocre vermelho
e gordura, ou de uma das plantas utilizadas para tingimento. As
bochechas também eram destacadas com um pouco de ocre vermelho e
gordura. Para o realce natural dos seios, massageava-os com um soro
contendo erva-doce e endro – ervas que contêm
fitoestrógenos, hormônios vegetais naturais que imitam o estrogênio, que
é encontrado no corpo de uma mulher-.
E não era somente por estética não, tinha seus motivos de saúde
também. Há uma pesquisa realizada no final de 2009 por pesquisadores do
Museu do Louvre em parceria com o Instituto francês CNRS que dizem que
os produtos usados pela rainha do Egito continham uma pequena quantidade
de sais de chumbo, que preveniam
infecções no olho. A mesma pesquisa afirma que quando alguém tinha
problemas de infecção na região, a maquiagem era usada como remédio.

(Amostra
de um vaso de alabastro. Os sacerdotes egípcios faziam um grande uso de
perfumes para homenagear as divindades que eram colocados nesses vasos.
Era também o perfume que a rainha usava)
Não é atoa
que o Egito foi uma das maiores e mais importante civilizações antigas;
sua história vai além das já grandiosas construções das pirâmides, o
rio Nilo e do enorme poder.